quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Cabana: Ficção Ou Oração?

Diante de um mundo desumano e caótico, é necessário o momento de rever princípios e refletir sobre nosso conceito de ser – humano. Não se trata de uma visita ao analista ou uma conversa rápida com o psicólogo. O que A Cabana, de William P. Young, propõe é a análise de nosso relacionamento com Aquele que não cobra pelas consultas, nem receita tarjas-pretas – o homem em sua independência adquirida se esqueceu que a essência de sua vida baseia-se Naquele que o libertou para sempre.
O livro traz de forma bastante instigante a historia de Mack que, ao sair para um acampamento com seus filhos, tem sua caçula assassinada. Com a morte de Missy, a garotinha, para Mack surgem diversos questionamentos acerca do valor da vida, de seu verdadeiro papel e o que ele, como criatura, representaria para o Criador. Vivendo, então, dias de amargura e dor, o protagonista acaba por se distanciar de Deus a tal ponto de não saber mais o que Ele representa em sua vida. Porém uma grande surpresa o abala ao receber um bilhete assinado por “Papai”, convidando-o a passar um fim de semana na mesma cabana onde sua filha foi morta. Surge, então, o grande enigma para Mack – quem será realmente o autor do bilhete? Dominado pela incerteza ele decide descobrir quem faria uma brincadeira de péssimo gosto como aquela, e mais surpreso ele fica ao compreender que se tratava de um encontro com Deus, e todas as respostas pelas quais ele procurou por tanto tempo. Dentre tantos ensinamentos que Mackenzie obtém, vale ressaltar que ele então passa a compreender o legítimo valor do sacrifício, do perdão concedido verdadeiramente, e do real e necessário relacionamento do homem com Deus.

O que de fato chama a atenção é a maneira como os questionamentos do homem se desenrolam diante dos princípios e modos de vida adquiridos por ele através da suposta independência, criada para ostentar poder, status e força, porém compreendida como um obstáculo que o separa cada vez mais da essência espiritual. Atolados em dogmas, legislações, conceitos e obrigações o homem contemporâneo se vê ocupado demais, e cansado demasiadamente para dedicar algumas horas de seu dia ao cultivo de sua espiritualidade.

Através dessa transparência é colocada em questão o que realmente tem valor na vida das pessoas, e o que elas de fato buscam e têm como propósito. A rotina agitada e as atividades a serem cumpridas ao longo do dia sufocam o homem, tornando-o uma criatura frágil e opaca, que não busca em Deus a plenitude, mas a solução instantânea para seus problemas.

A força do perdão é esplanada de forma brilhante, dando uma visão do que é realmente perdoar o próximo. E a maneira como o autor utiliza a linguagem é ao mesmo tempo simples, de fácil compreensão e rica, em sentidos, conotações e análises. O paralelo entre a “realidade” vivida pelo homem e a verdadeira vida, proposta por Deus, através de Seu amor, é constantemente exposta, fazendo muitas vezes o leitor questionar-se do real sentido que, de fato, a fraternidade e compaixão devem ter. O livro também mostra as dores que gradativamente aumentam na alma daquele que carrega consigo o rancor e a dificuldade em conceder verdadeiramente o perdão.

Além disso, A Cabana é uma ótima literatura para aqueles que ainda não conseguem enfrentar momentos de perda. Isso torna a historia um tanto intimista já que a dor que a morte traz é um sentimento que afeta a todos. A obra retrata em seus capítulos o lento, porém decisivo trajeto, que Mack percorre para alcançar a aceitação da morte de sua filha. E durante esse processo é revelado de forma transparente e terna o simples ciclo da vida, e especialmente a maneira egocêntrica com a qual o homem percebe o universo.

Dentre tantas percepções que encontramos neste livro, a maior delas é que as respostas pelas quais procuramos incessantemente em nosso mundo e fora dele, em meio a tanta injustiça e crueldade, estão dentro de nós mesmos. O grande X da questão é tentar entender que a força do universo e o espírito que há em todos são mantidos e alimentados por Aquele que o criou, e não há fronteiras que impeça o Seu amor de agir. Provavelmente, ao terminar de ler A Cabana, a reflexão e a atitude serão conseqüências de uma historia que transforma vidas, fazendo-nos compreender o poder de decisão de Deus.

"Quero reinterar aqui que há muitos questionamentos e contradições expostas sobre a proposta e os assuntos que envolvem o livro e seu conteúdo teológico, e que ao meu ver fica para quem se dispõe a se expressar dessa maneira. Eu não tenho a intenção de acentuar as releituras feitas no livro na busca de erros ou heresias, apenas tento mostrar aravés desse artigo que o denota de uma boa maneira o que se passa no decorrer do livro. Assim levantando uma expectativa aos que não leram e que leram e aos que já leram trazendo a memórias momentos que concerteza nos fizeram refletir junto com os personagens do livro."

Deus nos abençõe, sempre!


Fonte: http://www.artigonal.com/literatura-artigos/a-cabana-ficcao-ou-oracao-994598.html




Nenhum comentário:

Postar um comentário